Vistas de São Cipriano II
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SECÇÃO CONSTRUTIVA
N.º 1
Vantagens de construção com alvenaria simples
Em Portugal, no passado tradicionalmente os edifícios foram construídos em alvenaria de pedra, mesmo após o terramoto de Lisboa, ainda que nesta cidade incorporando uma gaiola de madeira na estrutura das paredes. Na sequência da 2.ª Guerra Mundial, o betão armado mostrou grande difusão na Europa, dada a sua grande resposta face à necessidade de reconstrução. Também em Portugal, a construção com betão armado foi largamente difundida, primeiro nas cidades académicas, e mais tarde também nas zonas rurais. Actualmente, todos os edifícios de construção nacionais são erigidos com este material, fazendo esquecer outros, particularmente a alvenaria.
Por outro lado, recentemente têm sido mobilizados esforços no sentido de retomar a construção com alvenaria resistente, uma vez que se trata de uma tipologia de construção mais económica (até 50%) e menos poluente. Esta tipologia de construção baseia-se num processo construtivo simples com assentamento de fiadas de tijolos/blocos, pelo que permite elevados ritmos de construção, superiores aos conseguidos com o betão armado. Se no passado poderia ser apontada como limitação à construção com alvenaria resistente, a fraca qualidade das unidades de alvenaria, pode-se afirmar que as unidades de alvenaria actuais, tanto tijolos cerâmicos como blocos de betão, mostram elevados desempenhos funcionais e mecânicos.
Estudos recentes mostraram a possibilidade de construção de edifícios sismo-resistentes em alvenaria simples até pelo menos três pisos na grande parte do território continental português. No Vale do Gadanha, em particular, todo o parque de edifícios poderia ser construído com alvenaria estrutural simples, fazendo cair o mito do betão armado. Exige-se desta forma a legisladores, projectistas, donos de obra e projectistas a ponderação sobre a possibilidade de construção com alvenaria resistente simples, para bem da economia e do ambiente.
8 de Novembro de 2008 © Direitos de autoria de Rui Marques.
N.º 2
Construção com alvenaria pseudo-confinada
Em Portugal, os edifícios são em geral construídos com estrutura resistente em betão armado. A capacidade resistente do edifício é então, providenciada pelo conjunto de elementos de betão armado, sobretudo pilares e vigas, que formam o esqueleto do edifício. Numa fase posterior este esqueleto é preeenchido, geralmente, por paredes de alvenaria sem qualquer função resistente. Noutros países, particularmente da América Latina, uma tipologia construtiva semelhante tem sido utilizada, chamada de alvenaria confinada, com a diferença de que, neste caso, as paredes de alvenaria contribuem preponderantemente para a capacidade resistente do edifício. Tratando-se de construções com constituição idêntica, a diferença reside ao nível do processo construtivo. A alvenaria confinada caracteriza-se pela construção das paredes previamnete à betonagem de pilares e vigas, com o que se consegue um elevado acoplamento entre paredes de alvenaria e os elementos de betão, permitindo aligeirar o edifício em aço. A verdade é que, em Portugal, e particularmente no Vale do Gadanha, na construção de pequenas moradias, certos Construtores, sem provavelmente o saberem, adoptam uma estratégia construtiva semelhante à adoptada na construção com alvenaria confinada. Esta curiosa prática por parte dos construtores portugueses poderá, no entanto, não trazer benefícios. Isto porque, na construção com alvenaria confinada, exige-se uma qualidade mínima para o material da alvenaria (tijolos/blocos e argamassa de assentamento), que particularmente são se encontram em paredes de enchimento. Por outro lado, a montagem de alvenaria, que outrora fora reservada a mestres pedreiros, actualmente é remetida para serventes e ajudantes, facto pelo qual resultam paredes demasiado “toscas”. Estas paredes, não estão assim habilitadas a assumir a função de elemento resistente principal. Efectivamente, estudos físicos experimentais realizados sobre paredes com alvenaria de fraca qualidada confinadas, demonstram a susceptibilidade destas estruturas à acção cíclica de um sismo, devido à sua fraca capacidade de dissipar energia e à sua elevada taxa de degradação. Reflectindo sobre esta questão, exige-se talvez um maior cuidado na montagem das paredes, com utilização de argamassa de assentamento e tijolos/blocos com uma qualidade/resistência mínimas, para que as paredes possam contribuir positivamente para a resistência do edifício.
22 de Novembro de 2008 © Direitos de autoria de Rui Marques.
N.º 3
Construção de casas no Alto Minho e Galiza. Passado, Presente e Futuro
Parte I - Passado
Até meados do século XX, a construção de casas no Alto Minho e Galiza foi tradicionalmente realizada utilizando manposteria de pedra irregular, sobretudo de granito, que nestas terras é abundante. Paradoxamente, estas construções eram, conforme a maior ou menor nobreza da casa, rebocadas ou não respectivamente, com um mistura de cal e/ou barro. Interiormente, estas casas eram divididas por paredes de tabique - de cal e/ou argila armadas com fitas de madeira. Mais tarde, com o aparecimento das primeiras manufacturias de produção de peças de barro para construção, nomeadamente tijolos e telhas, as contruções vieram igualmente a incorporar estes materiais.
§
Em particular, na freguesia de Pinheiros de São Cipriano, a abundância de jazidas de barro - as barreiras - e a exploração de gado bobino propiciaram a fundação daquela que provavelmente terá sido a primeira empresa e fábrica Pinheirense, o “Forno da Telha”, fundada pela família Pedreira. Dizem os populares, que na Telheira o processo de produção das peças cerâmicas estava relativamente organizado, incluíndo a amassadura do barro pelos bois, o moldeamento das peças, a cozedura, o desmolde, a secagem, etc., resultando em produtos de boa qualidade. A fábrica chegara a empregar oleiros da Galiza, e tinha também um armazém de venda no lugar do Souto. Actualmente, do “Forno da Telha” só restam as ruínas.
§
No que respeita a pavimentos, o material utilizado era a madeira, sobretudo de pinho, que existia em abundância na região. Também na construção dos tectos e da estrutura dos telhados usou-se a madeira de pinheiro. Em algumas casas os tectos eram também estucados, resultando num belo efeito de contraste. Na construção assumem-se dois factores normalmente como determinantes na qualidade da construção, os materiais e a mão-de-obra. Dos materiais já se falou, e da mão-de-obra diga-se que esta era na verdadeira assepção da sua designação. Era de facto manualmente que todos os trabalhos de alvenaria e carpintaria eram realizados. Os antigos terão dominado superiormente a arte de construir, ao ponto de serem chamados de mestres.
10 de Dezembro de 2008 © Direitos de autoria de Rui Marques.
N.º 4
Construção de casas no Alto Minho e Galiza.
Passado, Presente e Futuro
Vantagens de construção com alvenaria simples
Em Portugal, no passado tradicionalmente os edifícios foram construídos em alvenaria de pedra, mesmo após o terramoto de Lisboa, ainda que nesta cidade incorporando uma gaiola de madeira na estrutura das paredes. Na sequência da 2.ª Guerra Mundial, o betão armado mostrou grande difusão na Europa, dada a sua grande resposta face à necessidade de reconstrução. Também em Portugal, a construção com betão armado foi largamente difundida, primeiro nas cidades académicas, e mais tarde também nas zonas rurais. Actualmente, todos os edifícios de construção nacionais são erigidos com este material, fazendo esquecer outros, particularmente a alvenaria.
Por outro lado, recentemente têm sido mobilizados esforços no sentido de retomar a construção com alvenaria resistente, uma vez que se trata de uma tipologia de construção mais económica (até 50%) e menos poluente. Esta tipologia de construção baseia-se num processo construtivo simples com assentamento de fiadas de tijolos/blocos, pelo que permite elevados ritmos de construção, superiores aos conseguidos com o betão armado. Se no passado poderia ser apontada como limitação à construção com alvenaria resistente, a fraca qualidade das unidades de alvenaria, pode-se afirmar que as unidades de alvenaria actuais, tanto tijolos cerâmicos como blocos de betão, mostram elevados desempenhos funcionais e mecânicos.
Estudos recentes mostraram a possibilidade de construção de edifícios sismo-resistentes em alvenaria simples até pelo menos três pisos na grande parte do território continental português. No Vale do Gadanha, em particular, todo o parque de edifícios poderia ser construído com alvenaria estrutural simples, fazendo cair o mito do betão armado. Exige-se desta forma a legisladores, projectistas, donos de obra e projectistas a ponderação sobre a possibilidade de construção com alvenaria resistente simples, para bem da economia e do ambiente.
8 de Novembro de 2008 © Direitos de autoria de Rui Marques.
N.º 2
Construção com alvenaria pseudo-confinada
Em Portugal, os edifícios são em geral construídos com estrutura resistente em betão armado. A capacidade resistente do edifício é então, providenciada pelo conjunto de elementos de betão armado, sobretudo pilares e vigas, que formam o esqueleto do edifício. Numa fase posterior este esqueleto é preeenchido, geralmente, por paredes de alvenaria sem qualquer função resistente. Noutros países, particularmente da América Latina, uma tipologia construtiva semelhante tem sido utilizada, chamada de alvenaria confinada, com a diferença de que, neste caso, as paredes de alvenaria contribuem preponderantemente para a capacidade resistente do edifício. Tratando-se de construções com constituição idêntica, a diferença reside ao nível do processo construtivo. A alvenaria confinada caracteriza-se pela construção das paredes previamnete à betonagem de pilares e vigas, com o que se consegue um elevado acoplamento entre paredes de alvenaria e os elementos de betão, permitindo aligeirar o edifício em aço. A verdade é que, em Portugal, e particularmente no Vale do Gadanha, na construção de pequenas moradias, certos Construtores, sem provavelmente o saberem, adoptam uma estratégia construtiva semelhante à adoptada na construção com alvenaria confinada. Esta curiosa prática por parte dos construtores portugueses poderá, no entanto, não trazer benefícios. Isto porque, na construção com alvenaria confinada, exige-se uma qualidade mínima para o material da alvenaria (tijolos/blocos e argamassa de assentamento), que particularmente são se encontram em paredes de enchimento. Por outro lado, a montagem de alvenaria, que outrora fora reservada a mestres pedreiros, actualmente é remetida para serventes e ajudantes, facto pelo qual resultam paredes demasiado “toscas”. Estas paredes, não estão assim habilitadas a assumir a função de elemento resistente principal. Efectivamente, estudos físicos experimentais realizados sobre paredes com alvenaria de fraca qualidada confinadas, demonstram a susceptibilidade destas estruturas à acção cíclica de um sismo, devido à sua fraca capacidade de dissipar energia e à sua elevada taxa de degradação. Reflectindo sobre esta questão, exige-se talvez um maior cuidado na montagem das paredes, com utilização de argamassa de assentamento e tijolos/blocos com uma qualidade/resistência mínimas, para que as paredes possam contribuir positivamente para a resistência do edifício.
22 de Novembro de 2008 © Direitos de autoria de Rui Marques.
N.º 3
Construção de casas no Alto Minho e Galiza. Passado, Presente e Futuro
Parte I - Passado
Até meados do século XX, a construção de casas no Alto Minho e Galiza foi tradicionalmente realizada utilizando manposteria de pedra irregular, sobretudo de granito, que nestas terras é abundante. Paradoxamente, estas construções eram, conforme a maior ou menor nobreza da casa, rebocadas ou não respectivamente, com um mistura de cal e/ou barro. Interiormente, estas casas eram divididas por paredes de tabique - de cal e/ou argila armadas com fitas de madeira. Mais tarde, com o aparecimento das primeiras manufacturias de produção de peças de barro para construção, nomeadamente tijolos e telhas, as contruções vieram igualmente a incorporar estes materiais.
§
Em particular, na freguesia de Pinheiros de São Cipriano, a abundância de jazidas de barro - as barreiras - e a exploração de gado bobino propiciaram a fundação daquela que provavelmente terá sido a primeira empresa e fábrica Pinheirense, o “Forno da Telha”, fundada pela família Pedreira. Dizem os populares, que na Telheira o processo de produção das peças cerâmicas estava relativamente organizado, incluíndo a amassadura do barro pelos bois, o moldeamento das peças, a cozedura, o desmolde, a secagem, etc., resultando em produtos de boa qualidade. A fábrica chegara a empregar oleiros da Galiza, e tinha também um armazém de venda no lugar do Souto. Actualmente, do “Forno da Telha” só restam as ruínas.
§
No que respeita a pavimentos, o material utilizado era a madeira, sobretudo de pinho, que existia em abundância na região. Também na construção dos tectos e da estrutura dos telhados usou-se a madeira de pinheiro. Em algumas casas os tectos eram também estucados, resultando num belo efeito de contraste. Na construção assumem-se dois factores normalmente como determinantes na qualidade da construção, os materiais e a mão-de-obra. Dos materiais já se falou, e da mão-de-obra diga-se que esta era na verdadeira assepção da sua designação. Era de facto manualmente que todos os trabalhos de alvenaria e carpintaria eram realizados. Os antigos terão dominado superiormente a arte de construir, ao ponto de serem chamados de mestres.
10 de Dezembro de 2008 © Direitos de autoria de Rui Marques.
N.º 4
Construção de casas no Alto Minho e Galiza.
Passado, Presente e Futuro
Parte II - Presente
A partir dos anos 80 do século passado, como acontecera nas principais cidades portuguesas e espanholas, o mito do betão armado chegou ao Alto Minho e Galiza. No Minho tornou-se típica a construção de moradias com rés-do-chão em alvenaria de pedra, em alguns casos reabilitado da estrutura antiga da casa, e primeiro andar com estrutura de pilares e vigas em betão armado.
Curiosamente, de há uns anos para cá, a tradicional construção com alvenaria de pedra irregular é posta a descoberto com a extracção de rebocos grosseiros em algumas casas antigas.
Actualmente, as construções são integralmente realizadas com estrutura reticulada em betão armado preenchida com alvenaria cerâmica tosca. A pedra é agora utilizada sobretudo como material de revestimento em finas placas que se fixam ao grosso das paredes, como é exemplo a construção de moradias altas em Salvaterra do Minho.
Este “novo” sistema construtivo – o betão armado, embora potenciando a arquitectura e a construção em altura, nem em todos os aspectos mostrou vantagens. Com efeito, são conhecidas inúmeras tipologias que afectam as estruturas em betão, em especial a fendilhação. Um exemplo típico que contrasta a susceptibilidade à fendilhação entre estruturas novas e antigas é a construção de sacristias anexas a igrejas em alvenaria de pedra, em que as fendas activas nas primeiras são antagónicas à arrogância estática das segundas.
20 de Dezembro de 2008 © Direitos de autoria de Rui Marques.
N.º 5
Pesca da truta desde a margem
A primeira técnica conhecida para a captura de peixes foi a utilização das mãos, analogamente ao que fazem os ursos para caçar os salmões. Quando o homem primitivo aprendeu a trabalhar a pedra, este utilizou lanças para capturar os peixes, como fazia sobre a sua caça em terra. Apenas mais tarde foi introduzida a utilização de uma vara com uma linha pendurando um anzol como técnica de pesca. O engenho do homem permitiu que fossem depois inventados o carreto, iscos artificiais, e outros instrumentos que, aliados ao lazer que esta actividade proporciona, potenciaram a divulgação da pesca da truta. No entanto, o segredo da pesca truteira não reside essencialmente nas ferramentas usadas, mas sim na perícia com que se usam, e também numa série de outros factores, tais como a escolha do isco, técnicas de camuflagem, o conhecimento sobre os costumes da truta, etc., apurados pela experiência. Desta forma, apresentam-se seguidamente algumas recomendações para a pesca da truta desde a margem:
1.º Na escolha do horário de pesca devem ser tidos em conta os factores meteorológicos, e se possível igualmente os astronómicos, escolhendo os períodos de pesca solunares.
2.º Devem ser utilizados aparelhos de pesca adequados à técnica de pesca usada, nomeadamente cana, carreto e iscos.
3.º Deve-se dominar a camuflagem, parecendo invisível para as trutas, utilizando para isso roupas adequadas e mantendo o afastamento do rio.
4.º O pescador deve colocar o isco nas zonas em que se espera a presença da truta, nomeadamente em águas paradas e profundas, e junto às margens.
5.º Deve-se apurar a técnica de manuseamento dos aparelhos, particularmente o lançamento do isco.
O principiante na pesca da truta não se deve sentir frustado e derrotado pelo insucesso nas suas primeiras jornadas, pois a paciência e a experiência são as duas virtudes mais importantes na pesca de espécie tão esguia.
3 de Janeiro de 2009 © Direitos de autoria de Rui Marques.
Rui Marques: Engenheiro, Cientista, Pescador e Artista
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